Imagem meramente ilustrativa retirada do Google Imagens |
Por Laiz Marinho
Há algum tempo mídia divulgou a proposta de um grupo de 19 parlamentares da Islândia que tem o objetivo de tornar o país um paraíso livre para o jornalismo e a internet. Mas, como diz o ditado, para se chegar ao paraíso é preciso antes passar pelo purgatório. No caso, o inferno de um país quebrado em apenas alguns dias como vítima da crise financeira de 2008.
Essa nação de pequeno porte (mais ou menos do tamanho de Santa Catarina), com uma população menor que a do Distrito Federal e com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo, até os anos 90 sempre foi marginalizada pelas grandes potências europeias.
Um lugar sem nenhum atrativo, digamos assim, frio, sem atrações turísticas como castelos, catedrais (coisas que na região europeia atraem grandes quantidades de turistas) e paraísos ecológicos, já que quase toda a área natural foi destruída. Até a década de 90 a única renda do país era o pescado, e toda a economia praticamente estatizada.
O país então abriu as portas para o neoliberalismo e, em poucos anos, se transformou em um paraíso fiscal. Foram aventureiros, porém demais. O dinheiro foi chegando e trazendo diferença. O povo islandês se sentiu próspero. Mas aí, a crise apareceu e foi um balde de água fria. Estampado em todos os jornais do planeta, a Islândia era o primeiro país no mundo a declarar que tinha quebrado por conta da crise, ou seja, uma vergonha mundial. Do ápice ao declínio em um período muito curto.
Agora, depois do choque e de todas essas histórias, o país que virar a página, mais uma vez: de paraíso fiscal para editorial. A proposta ainda não foi posta em prática, porém pelo que se vê o ânimo tomou a vida das pessoas que ali moram e de jornalistas do mundo inteiro. A medida é inteligente e favorece o jornalismo que diversas vezes foi podado por leis que oprimem a liberdade de imprensa e também os investimentos em massa de conglomerados midiáticos que poderão surgir e tirar a Islândia novamente da sarjeta.
Para construir a proposta foram analisadas leis de liberdade de imprensa em vários países e dessa mescla surgiu a ideia. No caso, será criado um banco de dados de documentos secretos ou anônimos. As fontes de matérias jornalísticas também serão protegidas pela lei. A Islândia também vai criar O Prêmio Islandês para a Liberdade de expressão, que contemplará os atos corajosos de liberdade de expressão.
Existem também os contras dessa proposta. Nós somos jornalistas e o nosso sonho é um lugar como esse para não sofrermos mais com tiranias. Mas qual é o limite da liberdade de expressão? Talvez, muitas coisas erradas apareçam. Se existe abuso de poder de autoridades, pode acontecer da mídia querer fazer o quiser também. Essa é uma questão a se pensar.
Mesmo assim, temos que ficar de pé e parabenizar a Islândia. Essa medida é a cara do novo século, além de ser criativa e inovadora. Enquanto o Brasil só pensa em tampar buracos e construir viadutos, os islandeses estão olhando para o futuro. Bem que o país do Pré-Sal poderia seguir o exemplo e começar também a pensar em seu lugar nesse novo mundo.
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