Foto Rafael Campelo
Por Rafael Campelo
GDF e Administração de Taguatinga criam força-tarefa para coibir o tráfico de drogas e a prostituição no centro da cidade. O grande número de moradores de rua na região central também incomoda.
A situação dos moradores de rua tem incomodado os taguatinguenses nos últimos anos. Além disso, a prostituição e o avanço das drogas no Centro da cidade estão tirando o sossego da população. Para tentar resolver o problema, o governo e a Administração criaram uma força tarefa intitulada “Taguatinga Legal”.
Um dos objetivos é revisar os alvarás e os horários de funcionamento de todos os bares, já que a maioria dos incidentes e casos de prostituição tem início dentro deles. E se for preciso, de acordo com o GDF, os alvarás de funcionamento dos hotéis do centro serão cassados.
O administrador Gilvando Galdino destacou que caberá ao Batalhão Escolar reforçar o policiamento nas proximidades das escolas da região central, e a Secretaria de Cultura ficará responsável por promover atividades artísticas. “A intenção é realizar várias ações conjuntas para que a população sinta uma diferença na segurança em um período de 30 a 60 dias”, comentou o administrador.
O Comandante do II Batalhão da Polícia Militar do DF, Tenente Coronel Oliveira, disse que possue um levantamento detalhado dos espaços de consumo de drogas, prostituição, mendicância, além do funcionamento irregular dos hotéis do centro da cidade, e ressaltou que esses hotéis contribuem bastante para a promoção de todas as atividades ilícitas. “A situação também tem sido agravada com a permanência de menores de rua e mendicantes, que contribuem para o crescimento do consumo e do tráfico de drogas’, ressaltou o Coronel.
Menores “problema”
O senhor Edvaldo Brito, morador de um edifício localizado na Avenida das Palmeiras, destaca a sensação de insegurança e sugere que o administrador seja mais enfático na divulgação das ações junto aos meios de comunicação.
Há pouco tempo, o condomínio dele passou por uma situação envolvendo menores de rua. Um grupo de garotos, entre 10 e 12 anos, abordaram o porteiro do prédio pedindo de volta um pacote contendo crack que havia caído no poço de ventilação que dá acesso para a garagem. O porteiro negou o pedido e os garotos disseram que iriam entrar de qualquer jeito.
“Ligamos para o 190, mas eles não compareceram; alegaram que não havia viaturas naquele momento. Às dez horas da noite, jogamos o pacote na rua”, conta o encarregado do condomínio.
O Promotor de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude do Ministério Público do Distrito Federal, Oto Quadros, destaca a necessidade de garantir os direitos da criança e do adolescente, como determina a própria Constituição Federal. “Precisamos entender que o direito deles é prioridade absoluta. É necessário promover uma audiência publica e reunir todos os interessados para discutir o tema”, ponderou.
A Assistente Técnica e Social do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Aline Barbosa, esclarece que o Estatuto da Criança e do Adolescente diferencia o adulto e a criança/adolescente em situação de rua. “A Lei limita as ações do CREAS. É necessário que a Vara da Infância e da Juventude esteja presente para somarmos os esforços e garantirmos os direitos desses menores”, ressaltou Aline.
O Conselheiro Tutelar de Taguatinga, José Luiz Martins Irineu, reconhece que a atuação do Conselho melhorou muito devido às condições de trabalho oferecidas pelos administradores, mas reclama da falta de funcionários. “As equipes de abordagem de moradores de rua ficam mais no Plano Piloto. Queremos que o pessoal seja deslocado para Taguatinga”, pleiteou.
Para o Administrador, as políticas públicas de transferência de renda devem ser repensadas. “Os recursos deveriam ser repassados para essas pessoas e, além disso, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF poderia pensar em um conjunto de políticas de moradia para esses moradores”, sugeriu Gilvando Galdino.
Apesar de existirem várias crianças vivendo em condições desumanas, muitos adultos também acabam encontrando nas ruas uma forma de sobrevivência. O morador de rua, Fernando, disse que veio do Pará há cinco anos e passou a morar na rua depois de ter os documentos roubados.
“Não tive ajuda de ninguém e nem pude mandar buscar ou registrar a perda dos meus documentos, e sem eles a gente vira praticamente um nômade”, conta. Ele afirma que ganha dinheiro catando latinhas para reciclagem ou vive da caridade das pessoas. “Sempre tem alguém que ajuda dando comida ou roupa”, relatou.
Fernando, porém, diz preferir ficar nas ruas a ir para casas de recuperação: “Quem tem que ir para as casas de recuperação somos nós. Casas de recuperação são um comércio, é através de nós moradores que eles conseguem recursos, somos apenas objetos pra eles”, denunciou.
**Matéria publicada no Jornal Folha de Taguatinga - Setembro de 2009 - Ano II- nº11
**Matéria publicada no Jornal Folha de Taguatinga - Setembro de 2009 - Ano II- nº11
gostaria de saber mais sobre meninos de rua, me interessei pelo artigo.
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